sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Nostalgia

Episódio Um
Te conheci tinha catorze anos, você dezoito.
Não fazia o tipo convencional de garota, para ser sincera, a minha ingenuidade era tamanha que nem se passava pela minha cabeça algum tipo de atração nessa época.Eu só queria saber de disputar futebol, jogos no computador, no videogame, no que quer que fosse com você ou com seus amigos.E seus amigos sempre me enxergaram como mais um deles, você não, se preocupava, cuidava, mesmo a contragosto da minha parte.

'Quantas vezes eu já te disse que eu sou grandinha, que eu sei me cuidar?'...várias vezes falei essa frase e você ria de mim.

E eu sempre tentava provar, seja no que fosse, que eu caia e levantava.Uma vez que nunca me esqueço foi  quando um dos seus amigos me deu um encontrão numa dividida de bola, e cai no chão igual uma jaca.

Você nesse momento que estava só assistindo, assustou me pegou no colo, me colocou no banquinho daquela velha pracinha, onde costumávamos encontrar nossa turminha e ficou meia hora falando que eu devia parar de tentar me igualar aos meninos.
como eu fiquei brava por essa fala sua...
Porque eu me achava capaz de competir com os meninos, em tudo.Como eu era tola
Episódio Dois
Eu aquela menina franzina, sem graça, desmiolada. Você já no alto da sua adolescência tocava violão, partidário político, fã do che Guevara.E eu na fase de descoberta do mundo.

Ah uma copa do mundo nunca foi tão especial como a de 2002.Me lembro como se fosse ontem, morávamos em Brasília e quando o Brasil ganhou o penta.Eu, você e a nossa turminha fomos lá no Palácio do Planalto ver a seleção cumprimentar o então presidente, Fernando Henrique Cardoso, ia receber os queridos herois do Pentacampeonato.Que ideia não?Eu com um real no bolso que na época dava só para a ida de metrô, ás 07 horas da manhã, entramos todos no metrô assim mesmo.

Paramos lá na Rodoviária antiga e descemos pelos Ministérios até o Palácio.Então, aquela festa de bandeiras, uma multidão sem igual, gente a beça. Para quem conhece sabe que em frente ao Palácio tem os famosos espelhos d´agua,fazia tanto calor aquele dia, e juízo essa época não era o meu forte.

Eu fiz igual muitas pessoas e entrei nos espelhos que batem no máximo no tornozelo.Eu parecia uma criança, aquelas moedas todas que o povo de outros países joga lá dentro, considerando dar sorte, eu jogava pra cima.. E você ali me olhando com cara de assustado.

De repente o chamado do locutor, avisando que os jogadores tinha chegado. Eu sai correndo de dentro do espelho d´agua. E nos perdemos eu e você do resto da turma no meio da multidão, você preocupado comigo, porque eu tava encharcada, e eu falando que você era chato.Como fazia muito calor, os bombeiros estavam esguichando água na galera, eu logicamente achei aquilo divertidíssimo.

Depois de um tempo, o sol esfriou,e eu comecei a tremer igual vara verde. Primeiro me deu sua camisa, depois ganhou uma daquelas camisas verdes promocionais da Brahma, da seleção cinco estrelas e me deu ela também.

Logo alguém no meio daquela bagunça pisa no meu pé...sempre desaforada, eu respondo. Você então, me abraça e diz que vai me proteger.

Grossa que sou, falo:' Quantas vezes eu já te disse que eu sou grandinha, que eu sei me cuidar?'

A contragosto novamente, você me abraça, então eu fico calada. Não ia adiantar né?!
Na volta toda encharcada ainda,  você para o olhar em mim, durante todo o trajeto de volta., não solta mais a minha mão, a deixa perto dos lábios, e a beija todo o tempo.

Eu depois de tanto que ficamos no sol, e tomei banho público adormeço com os seus olhos ainda em mim....
E toda a turminha nos zoando, por todas essas cenas.

Você não negava, eu até a morte falava que eramos apenas bons amigos.

Episódio Três.Toda vez  nossa galerinha ia acampar na beira do lago Paranoá.O lual na beira da fogueira improvisada era completamente de outro mundo, de tão divertido. Implicávamos um com o outro o tempo todo.Até que quando sentamos na rede um do lado do outro, olhando a lua cheia, você me abraçou e eu sorri. Então pela primeira vez nos beijamos e eu cochilei nos seus braços inocentemente.
Você então disse que era um milagre aquela minha calma.

Mas no outro dia, logicamente, eu estraguei tudo. Não sabia como agir, nem o que te dizer, então fingi que nada tinha acontecido.Como eu era infantil, e você tolerante...você ficou totalmente sem saber o que fazia, no outro dia quis ir embora.

Episódio Quatro

Nunca esqueço, a música que fez para mim e tocou no violão. Eu praticamente era parte da sua família, sua mãe me conhecia, os seus irmãos. Eu fazia da sua casa extensão da minha.Lembro-me bem, eu saia da minha casa, para ir assistir Chaves lá na sua televisão. Eu e o seu irmão mais novo que era mais velho que eu, faziamos tranquinagem com o bicho de estimação da sua mãe, o gato.

Como maltratavamos o bichin.
Um dia desses que eu tava de penetra na sua casa, você sentou do meu lado e disse 'Vou te mostrar uma coisa'. Trouxe o violão. Achei que ia cantar uma daquelas baladinhas que adoravamos como Engenheiros ou Bob Dylan. Ai além do violão, tinha um papelzinho na sua mão. Não é que tinha escrito uma música para mim?!Essa hora não nego, você me ganhou. Meu coração ia disparar, minhas pernas tremiam.

Eu ria e chorava ao mesmo tempo. Então, nos abraçamos e o tempo parou....por uns minutos.Até o sonso do seu irmão estragar tudo, rindo da gente.Daí, eu olhei para o chão e você ficou bravo com ele.
Sim, eu me derreti toda, mas escondia isso, mais do que tudo. Tinha medo.


Episódio Cinco
Como é característico, sim, eu fugi de você. Por semanas, talvez alguns meses...sei lá, você me deixava sem saber o que dizer, e eu sempre fui acostumada a controlar a situação.Ficava sem chão, boba, quando apenas esbarrava com você na rua.Deixei de ir a velha pracinha, onde a nossa turminha se encontrava, porque ficava com cara de boba, quando te via.Até que um dia perdi o medo e fui lá ao encontro da nossa turma, no lugar de sempre. Então, o plano da noite era uma festinha na casa de um amigo seu.

 Entretanto, você sequer olhou nos meus olhos, estava seco, frio, distante.Chegando na festa, você me aparece com uma garota. Nossa, nunca fiquei com tanto ódio de ver uma cena, como essa. O chão se abriu ao meu redor. Mesmo assim quis dar uma de forte.Até esse dia, eu nunca tinha bebido direito na minha vida.  Logo, começou uma brincadeira quem bebia mais vinho de um gole só, numa virada.

 E claro, eu querendo chamar sua atenção, apostei com os meninos que eram mais velhos quem bebia mais.Eu olhava na sua cara e bebia um copo. Olhava de novo e bebia outro. Eu só lembro que tomei mais de um litro, e quase simultaneamente comecei a passar mal.Sai correndo das meninas que queriam me dar banho, para eu melhorar.Teimei que ia durmir no sofá da festa e assim o fiz. A festa acabou e eu chapada, disse que ia dormir por ali mesmo. Você bravo comigo, largou a menina, e foi cuidar de mim, me carregou no colo e me enfiou dentro do carro.

Você e dois amigos esperaram na escada do seu prédio, até eu melhorar...e ter condições de ir para casa.Eu morta de ciúmes disse que já tava melhor e ia sozinha para casa que ficava na rua de cima.Você foi andando atrás de mim, até a porta do meu prédio. Eu naquela situação ridícula, me abraçou. Eu falei para você ir atrás da sua namorada...Você só me disse: 'Ela não é minha namorada, você nunca quis saber de mim.'
Dei de ombros, me virei para entrar, então você disse: 'Me liga a hora que estiver em casa, senão eu não vou conseguir dormir.' Só falei 'tá.'

Subi cambaleando...do alto do meu primeiro porre. Nunca tinha sentido a cabeça doer daquele tanto. MInha mãe já me esperava p. da vida. Eu só entrei chorando, ela até desistiu de brigar comigo

.Entrei pro quarto, me despi e te liguei. Só consegui dizer: 'Estou bem, estou em casa.Desculpe, obrigada por cuidar de mim.'

Você: 'Porque fez tudo isso?Porque bebeu desse tanto?'
Eu: 'Não sei, acho que tudo isso se chama ciúmes.'
Você ficou calado por um tempo...mas me pediu: 'Por favor, não faça mais isso'
Eu (aos prantos como um cachorrinho arrependido):'tá.'
Você então disse: 'Amanhã vou ai te ver.'
desliguei...

Episódio seis
Depois de um tempo...fiz o que sempre fazia. Sumi, mas o destino te colocava no meu caminho. Eu voltando do colégio com uma amiga conversando, distraída, de repente, olho para frente e quem está a meio metro dos meus olhos, sim, você. Para não perder a mania, claro, eu tropecei e quase cai. Você riu, eu ri.Chegou perto segurou na minha mão e disse :

 'Porque você some de mim?' Inventei uma desculpa qualquer, se me recordo bem, falei provas, muitas provas. No mesmo dia, você liga e diz estar morrendo de saudades da minha voz. Você me desconcertava, porra!
Eu não sabia o que falar....

(Pausa) Outro dia escrevo o resto...bateu o sono.
Episódio sete

Um comentário:

  1. Você escreve muiiiiiito guria! Estou orgulhosa. Fiquei feliz por você agora. É muito gostoso dividir uma amizade como a nossa! Saudades, te amo.

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