quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

"Bebida é água! Comida é pasto! Você tem sede de que? Você tem fome de que?..."

Hoje vi uma cena que muito me choca...
É considerável bem comum, nos dias de hoje.
A seguinte cena..
Uma pessoa não ter o que comer.Isso ainda me choca muito. E a cena se completa com outras tantas pessoas passando ao redor daquela, sem seque lhe direcionar um olhar de compaixão para aquele ser humano, prostrado, as vezes sem perspectiva de vida.Implorando por algo de comer....Parei, fiquei olhando aquela pessoa em trajes corroídos de sujeira das ruas, um olhar desolado, pernas feridas dos dias passados nas ruas.Vi uma felicidade momentânea na sua face quando recebeu um lanche de um transeunte.Parecia uma criança que acabará de ganhar o melhor presente de todos.Os olhos brilhavam numa alegria única, a boca comia num apetite de dar inveja.
Não sou partidária ou levanto qualquer bandeira, mas é tão triste ver alguém em situação desesperadora de fome, implorar por algo de comer, tremer de fome.

A nova presidenta, de acordo com o Diário Oficial  que não me recordo o número( o termo está certo)
pretende fazer o PAC da miséria. De acordo com o artigo, baseado na dissertação de mestrado O discurso da mídia sobre a fome, há um histórico grande de lutas sociais contra a fome.E segundo a mesma dissertação juntamente com a Bomba Atômica foi considera o mal do século 20 e tornou-se uma preocupação porque findada as duas guerras mundiais mais de 12 milhões de pessoas morreram de fome no mundo .Entre as lutas está uma datada de 1858, denominada Protesto Contra Alta de Gêneros Alimentícios, em Salvador que fora ocasionada pelas sucessivas epidemias de febre amarela e cholera morbus e a escassez contínua de
alimentos. A palavra de ordem era “Queremos carne sem osso e farinha sem caroço”.

Agora imagine naquela época a inflação subiu numa média de 300% e a farinha de mandioca que era o alimento dos pobres subindo de forma galopante, entre 1851 e 1858.O protesto teve origem em um grupo de mulheres solteiras que eram recolhidas pela Santa Casa e se alimentavam lá, muitas vezes de sobras.

Voltando a discussão.O mesmo artigo nas palavras de Josué de Castro mostra que a origem da fome não é  epidêmica, mas sim endêmica e geralmente de caráter econômico.
No Estado Novo de Getúlio Vargas, influências notórias de sociólogos e nutricionistas mostraram que tornava-se fundamental o papel do Estado na alimentação da população.Após o governo de Vargas, os industriais pressionaram por políticas desenvolvimentistas, adotando assim medidas para uma base de salário mínimo ao trabalhador.  Depreende-se que ao longo dos anos, houve um queda de braço entre o setor fraco e aquele que domina e no meio dessa briga, um governo que ora dá voz aos anseios populares e ora os deixa de lado por razões políticas e econômicas.

Então durante os anos de 1962 a 1974 são criados orgãos  como a  Sunab (Superintendencia Nacional de Abastecimento), Companhia Brasileira de Alimentos (Cobal), Comissão de Financiamento da Produção (CFP) que visavam combater as defasagens na alimentação dos brasileiros, também são realizados os estudos como o de Defesa Familiar (1974) que mostrou que apenas 32% da população se alimenta de forma adequada.

Em 1994, é realizada a primeira Conferência Nacional de Segurança Alimentar em que se instituiu que a segurança alimentar se preocuparia com "o acesso em quantidade e qualidade aos alimentos requeridos e às condições de vida e de saúde necessárias para a saudável reprodução do organismo humano e para uma existência digna."(CONSEA, 1995)

Entretanto, afirma a mesma dissertação que sem ouvir de quem realmente vive esse tipo de realidade, a fome, não será de todo eficaz. De acordo com Demo, o assistencialismo apenas "recria a miséria", ou seja, não torna o indivíduo um ser emancipado e participativo da sua sociedade. Não cria nele o senso de responsabilidade. É visível que uma pessoa como vi hoje, andando pelas ruas de Goiânia, está a margem da Constituição que respalda os direitos do cidadão, desconhece completamente o que se passa no país, na cidade em que vive.

Aos olhos da hipocrisia social, é apenas um vagabundo que deve ser hostilizado.
Espero que a cara presidenta olhe para esses que apesar de estarem na marginalidade,são seres humanos.
Que a logística do projeto PaC da MIséria funcione e retirem mais esse e outros tantos dessa condição deplorável.

2 comentários:

  1. A realidade é a seguinte: Os pobres sustentam o sistema.É necessário pobre para que seja elaborado um programa de erradicação, é necessário trombadinha pra que seja vendido sistemas de segurança e é necessário que nenhum desses tenham consciencia de classe. Portanto mantém-se a pobreza, a dependência do pobre aos programas do governo, pois este vive de números.

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  2. é...pode até parecer manequísmo da minha parte. E o objetivo dos sistemas políticos não visam discutir o bem e o mal, mas acho isso muito sujo sabe.É um ser humano, poxa.

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